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domingo, 22 de setembro de 2013

Lenda dos Gnomos e Anões






Na origem do mundo, segundo as lendas nórdicas reunidas em a "Edda", quando os deuses, os "Ases", desmembraram o corpo do grande gigante Ymir para fazer com ele o céu, a terra, as nuvens, os bosques e os oceanos, quatro anões foram dispostos nos quatro cantos do firmamento para sustentar a cúpula celeste durante todo o tempo que durar o universo.

 O anões, assim como os elfos, tiveram origem nos vermes formigantes do cadáver em decomposição de Ymir e a maioria deles foi morar nas profundezas da terra, em Niflheim, a Morada dos Mortos e também em Svartalfaheim, o reino dos elfos negros que haviam abdicado da luz do sol e jamais abandonariam suas tenebrosas moradas subterrâneas. Esses anões originais eram ferreiros dos deuses, que possuíam a habilidade de fabricar ferramentas mágicas e armas invencíveis. Para alcançar a sombria morada dos anões era necessário passar por cima de Bifrost, a ponte do arco-íris que unia Niflheim, o Reino dos Anões, Midgard, a terra, o "Reino Médio", e Asgard, o céu, a Cidadela Divina. Raro eram os que se aventuravam por este ponte multicolorida, cuja cor vermelha correspondia a barreira intransponível de um fogo ardente, que evitava que os gigantes das montanhas chegassem ao céu. Somente Loki, o deus do fogo, era um hóspede freqüente desse pequeno povo. Entretanto, Loki era astuto e pérfido e constantemente punha os deuses nas maiores dificuldades, tanto que era chamado de o "caluniador dos Ases".



Com a giganta Angrboda "a que anuncia a desgraça", Loki teve três filhos: um lobo monstro chamado Fenrir, a serpente Midgard, que vive no mar que rodeia a terra e Hel, a guardiã da morada dos mortos situada em Niflheim. Os deuses Ases, a princípio, acolheram o lobo em sua casa e o alimentaram. Entretanto, o lobo cresceu tanto em força e tamanho e umas profecias anunciavam que um dia devoraria o mundo com seus dentes de ferro. Por isso, os deuses decidiram amarrá-lo a fim de reduzir sua capacidade de destruição. Confeccionaram uma forte atadura, que se rompeu logo que o lobo foi envolvida nela. Então foi forjada uma segunda, que novamente não foi suficiente para imobilizar Fenrir. Os Ases começaram a se desesperar, pois não achavam possível dominar o lobo, cujo vigor só aumentava. Tiveram então a sábia idéia de recorrer aos anões, cuja a arte e habilidade associada a magia os tornavam insuperáveis. Eles, que sempre sofriam depreciação por causa de sua pequena estatura e feio aspecto, trataram de agradar os deuses e forjaram uma atadura mágica que chamaram de Gleipnir. Dizia-se que a Gleipnir foi criada com a utilização de seis ingredientes: o ruído do passo dos gatos, a barba das mulheres, as raízes das montanhas, os tendões dos ossos, o alento do peixe e a saliva dos pássaros. Esses ingredientes eram tão raros e impalpáveis como poderosos, pois sabemos que as mulheres não têm barba, o passo do gato não provoca ruído e não há raízes debaixo das montanhas. A atadura mágica era lisa e flexível como uma cinta de seda, mas com uma solidez a toda prova e conseguiu prender o imenso e raivoso lobo Fenrir. A lenda dos gnomos foi introduzida na Europa no princípio do século XVI por autores como Pico de la Mirándola, Marsilio Ficino, Paracelso, Jerônimo Cardam e Reuchlin. DESAPARECIMENTO DOS ANÕES E GNOMOS Todos os relatos consagrados aos anões e os gnomos recordam seu desaparecimento progressivo ao longo dos séculos. O poeta alemão Heinrich Heine contava a história desse exílio, tal como havia lido em uma compilação de lendas tradicionais: "No condado de Hohenstein, entre Walkenried e Neuhof possuíam um de seus reinos. Um dia, um habitante desse país, notou que haviam roubado sua plantação sem que pudesse descobrir o autor do tal roubo. Acabou por escutar o conselho de uma "mulher sábia". No crepúsculo, o camponês foi passear ao longo de seu campo, golpeando as plantas com uma varinha comprida. No primeiro golpe, viu ele logo adiante vários anões; a vara havia feito cair os gorros que os tornavam invisíveis. Os anões assustados, acabaram confessando que foi seu povo que teria despojado o campo, mas que haviam praticado tal ato em vista da total miséria em que se encontravam. A notícia da captura dos anões desatou rumores em toda a comarca. O pequeno povo enviou representantes e ofereceu um resgate pelos irmãos que haviam sido presos pelos humanos. Uma vez realizada a troca, os anões prometeram abandonar a região para sempre. Entretanto, quando se tratou de organizar a partida, deu-se lugar para longas discussões. Os camponeses não que os anões partissem com seus tesouros, mas por outro lado, os anões não queriam ser vistos. Acabaram por entender-se. Acordou-se que os emigrantes passariam por uma ponte estreita, perto de Neuhof, e cada um jogaria, em um tonel destinado para tal fim, uma determinada parte de sua fortuna, sem que nenhum camponês tivesse direito de se aproximar do lugar. E, acordo feito, acordo cumprido. Entretanto, alguns curiosos se esconderam debaixo da ponte. Durante longas horas ouviram as pisadas dos homenzinhos. Parecia que um interminável rebanho de ovelhas passava por suas cabeças." E foi assim, que o Pequeno Povo foi expulso daquela região, que com sua partida, perdeu o encanto, que sem a presença benévola dos anões, tornou-se para sempre apagada e sem vida. Na Europa, os anões e os gnomos são uma etnia muito antiga que está em vias de extinção. Já aqui no Brasil, com seu vasto território de florestas e campos, é o habitat perfeito para viverem e se multiplicarem. Nosso povo ainda tem pouco conhecimento de sua presença e quando se tornam visíveis, são na maioria das vezes confundidos com extraterrestres. Nossa civilização atual é um parte culpada pela perda quase total do contato com esse Povo Pequeno, pois nos tornamos demasiadamente racionais e cremos tão somente na ciência que nos levou a desacreditar nesses personagens da natureza.

Infelizmente, o homem moderno perdeu o sentido do mistério e o gosto pela magia. De tanto querer explicá-lo e controlá-lo, nos deixou aleijados de nossa própria infância. Os nomes e os rostos do Povo Pequeno, sempre foi para o homem de grande ajuda para dar nome aos seus medos e identificar seus sentimentos.

Ao temer a dança das fadas, ao invocar a ajuda dos gnomos e anões, recorrer a proteção dos duendes e elfos, o homem não fazia outra coisa do que projetar no exterior de si mesmo os sentimentos que o asfixiava. Os contos e lendas dos anões e gnomos são os últimos vestígios da Idade do Ouro, aquele tempo mítico que os homens compreendiam a linguagem dos pássaros e as portas do Mundo das Fadas estavam completamente abertas.

 Entretanto, se ainda quisermos não morrer asfixiados nesse mundo de desencantos, devemos aprender a nos reconciliar com a parte de nós mesmos que há muitos séculos deram origem ao mundo das fadas. Somos e sempre seremos criaturas sonhadoras e portanto, tão imaginários quanto os gnomos, duendes ou os anões. Somos todos feitos de uma mesma "massa" que cresce graças ao fermento do espírito e da levedura da imaginação.



Namastê!

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